quarta-feira, 24 de março de 2010

Os Mazelados - primeira vez que usamos o sistema de saúde.

Faz muito tempo que não escrevo nenhuma linha por aqui. Minha última postagem foi um dia depois do natal... ui!... faz tempo! Depois disso só Paulinho escreveu. Estou aqui agora por um motivo importante: Saúde.

Trabalhei por muitos anos com saúde pública e o Canadá sempre foi uma referência de qualidade, mas sempre líamos os blogs de quem já estava aqui e 50% deles reclamavam da demora, atendimento, ineficiência, etc. Para não correr o risco, antes de vir para cá nos munimos de medicamentos para tudo que se pode imaginar, pois eu estava preocupada com a “qualidade” do sistema de saúde canadense. Então, se um de nós adoecesse eu poderia consultar médicos amigos e da família e o medicamento já estaria na mão caso precisássemos.

O primeiro da lista dos mazelados foi meu pobre filhinho. Ele começou tossindo, molinho e um pouco esquentadinho, mas sem febre mesmo. Esse processo durou uns 4 a 5 dias e agora ele só tosse de vez em quando e já está com a corda toda! Meu filho é mesmo um touro... tem muita saúde e eu tenho que agradecer todos os dias da minha vida por isso. Quando Lucas já estava se recuperando Paulinho começou a reclamar de indisposição e aí já era, tá mal. A última mazelada fui eu, mas, para compensar por ter ficado na última colocação, eu botei para quebrar... para ME quebrar! Fiquei ACABADA. Muito mal mesmo. Não lembro a última vez que estive assim. Antes de fazer uma cirurgia para me livrar delas eu tinha crises de sinusite sérias e me entupiam de antibiótico, mas era a dor de cabeça que me atrapalhava. Eu descansava um dia e depois me curava “carregando pedra”. Quando gripava tomava umas dessas bombas para minimizar os sintomas e vamos “simbora”. Dessa vez não deu! Acho que nossos “soldadinhos” ainda não têm as “armas” certas para atacar seus “inimigos quebecas” e nós dançamos. Passamos o último fim de semana enclausurados. Paulinho e eu acabados e Lucas cheio de energia... coisa difícil de administrar, mas reconfortante: melhor que seja conosco que com ele. Domingo à noite estávamos nos sentindo melhor, então segunda Paulinho foi trabalhar e eu fui com o grupo de francisação para uma Cabane à sucre. Eu não tava no melhor dos meus dias, mas isso não me impediu de me divertir. A bronca foi quando cheguei em casa. Comecei a sentir um frio louco, uma tremedeira, um mal-estar... não tava com febre, mas não tava nada bem. Acordei toda moída, então resolvi ficar em casa e não ir para a aula. Quando Paulinho voltou do trabalho tava um lixo. Se sentindo quebrado, com muita dor de cabeça e nos dentes superiores...Sinusite na certa. Pensamos: “tamos lascados”!

Depois de muito relutar, por medo da espera que enfrentaríamos em uma clínica que oferece atendimento sem hora marcada, fomos a uma pertinho de casa. Lugar legal, sem luxo, mas aconchegante. Lá a recepcionista não pediu nem explicação, já foi logo pegando nossas carteirinhas da Assurance maladie, endereços e nos pediu para aguardar. Pensei: “vamos levar um chá de cadeira!”. Que nada! Foi até bem rápido. No máximo uns quarenta minutos! Não deu nem tempo de procurar no dicionário as palavras que eu teria que dizer para descrever como estava me sentindo e contar um pouco do meu histórico. Quando entrei na sala cometi a gafe de quase me sentar na cadeira do médico. Acho que é a vontade de voltar a trabalhar....kkkk. Ele foi bem simpático e perguntou de onde eu vinha. Quando disse que era brasileira disse que falava espanhol. OK, que lindo! Só não ajuda muito, pois EU não falo espanhol. Até entendo qualquer coisa, qualquer-coisa-que-se-pareça-com-português!!!! Tô brincando... fui grossa não. Eu juro! A consulta foi exatamente como no Brasil: rápida e só com perguntas minimamente necessárias. Acho que todo esse lance de que a anamnese é a parte mais importante da consulta fica lá na faculdade e pelo jeito funciona assim em todo canto. Ele examinou minha garganta, mediu minha temperatura e me auscultou. Aí veio a esperada notícia: PNEUMONIA. Que m*r*a! Era tudo que eu queria...! Eu disse que tinha medo de um diagnóstico desse, mas ele disse que eu ficasse tranqüila e que se eu me sentisse bem poderia voltar às minhas atividades hoje mesmo. Prescreveu um antibiótico por 10 dias e um xarope contra tosse. Solicitou RX dos pulmões e seios da face e disse que dependendo do resultado dos exames me ligaria, ou seja, “se for grave te ligo”. Pôxa, sei que tô doente, mas pneumonia é coisa séria... acho que esse cara ta exagerando... e já tô até me sentindo melhor... e como é que eu posso voltar às minhas atividades se eu tô com pneumonia? Dúvidas, muitas dúvidas! Pena que essas perguntas só vêm à cabeça depois que eu saio do consultório. É sempre assim... demoro para processar. Paulinho foi atendido pelo mesmo médico e saiu da sala realizado. Meu marido é bem menos exigente que eu em relação aos profissionais de saúde, sem dúvida! Disse que o médico elogiou seu francês e o examinou da mesma forma. Diagnóstico: SINUTITE, como pensávamos. Também 10 dias de antibióticos. Até aí tudo tinha superado as minhas expectativas. Beleza! Foi como era no Brasil, sem o detalhe de pagar uma fortuna por mês para o plano de saúde... melhor assim né?! Estranho foi na hora de pegar a declaração de que fomos atendidos para Paulinho mostrar no trabalho e eu no curso: a recepcionista me cobrou $5 por cada um! Mas... como assim $5?! Tem que pagar???? Estranho, mas tudo bem.

Paulinho seguiu para o trabalho e entregou a declaração a sua chefe que disse que aquele papel não muda nada, em outras palavras: “dançasse companheiro... perdesse a grana das horas que ficasse fora”. Dá nem para adoecer, eu hein?! Fui fazer as radiografias que o médico solicitou na clínica que ficava do outro lado da avenida. Também foi tranqüilo e eu esperei menos ainda. Na hora de sair perguntei a recepcionista quando ficaria pronto o resultado. Ela disse que em dois dias, no máximo, e que seriam entregues diretamente ao médico. Perguntei também se eu poderia pegá-los. Ela disse que se eu quiser posso pegar e guardar eles comigo, mas que normalmente eles ficam arquivados lá para comparar com futuros exames. Ahhh táaaaa! OK! Bem estranho também! Estou acostumada a manter o meu “prontuário” em casa, mas se é assim que funciona por aqui... tudo bem novamente. Afinal, a gente é que tem que se adaptar (mas só até onde der, né?! Tem hora que não dá mais!)

Na hora que comprar o remédio foi o susto: $72,99 para cada um de nós! P**a que p***u! Tá, tá, vou parar de reclamar, pois a gente vai receber reembolso de uma parte pelo seguro do trabalho de Paulinho. Funciona assim: os primeiros $50 de despesas com medicamentos do ano você paga integral. A partir daí o reembolso é de 80%, mas somente para medicamentos mais caros como os antibióticos. Analgésicos, antiinflamatórios, antigripais, etc não tem essa boquinha não. Rola uma história assim também para quem não tem seguro complementar, mas aí eu não sei ainda como funciona.

Pois foi assim nossa primeira experiência. Com pros e contras, mas melhor do que eu esperava... como tudo por aqui.

Até mais.

Alice

7 comentários:

Anônimo disse...

Faça um cpoiar e escolha colar como html
Vai funcionar

Alice, Paulo e Lucas disse...

Obrigadaaaaaaaa!!!!

Giselle disse...

Sabe o que eu acho, que quem já trabalhou ou já precisou do sistema público de saúde do Brasil, sabe valorizar mais o sistema de saúde canadense, apesar de todas as deficiências que ele possui nao se compara ao do Brasil que ainda é bem caduco e mazelado tb. Obviamente nao estou falando do nosso plano de saúde do qual págavamos bem todo mês e do qual a maioria da populaçao nao tinha acesso.
Mas vejo que no final das contas pelo menos contigo aqui tudo ocorreu bem. Agora, tu é doida mesmo heim Maria Alice, inventar de ir pra Cabane sucre gripada!!!Segurem essa muié! hehehe
Bjs!

Unknown disse...

kakaka, e ai muie quem mandou adoecer ehhehehee

Karol disse...

Oi Alice!

Puxa menina que baque hein? Ainda bem que no fim as coisas derão certo.

Beijos!

Karol

Jéssica e Moshe disse...

Oi, Alice!!!!

Obrigada!
Menina, acabei de ler seu post, que susto, hein?
mas, que bom que tudo se passou melhor do que o esperado!
Pois é, já estamos por aqui! Por enquanto, nos Les Angeliques, no Vieux Québec, e amanhã, se tudo der certo, assinaremos o bail para morar em ste-foy a partir de maio.
Por enquanto, está tudo sob controle, exceto por um sentimento estranho de "o que é que estamos fazendo aqui?!" kkkkkkkk mas, acho que vai passar!!!

Muita saúde para vcs!!!!!

PS: fiz a assinatura do celular ontem, se vc tiver orkut me diz que eu te passo o número por depoimento.

P disse...

caramba! definitivamente é uma nova realidade!!! acho que até antibióticos vou inserir na minha listinha!!!
:O
esse frio doido daí com a umidade deve estragar a gente rapidinho!!

melhoras procês, viu?